Namoro e Noivado

Desenho de D. Isabel retratando D. Gastão
Desenho a lápis de D. Isabel retratando D. Gastão. Em seu microdiário, ela escreve: “Fiz um bom desenho de Gaston”, em 15 de setembro de 1864. Acervo do Arquivo Grão-Pará, Petrópolis, RJ. Especial cortesia de D. Pedro Carlos de Orleans e Bragança e Bourbon.

Como é sabido, em setembro de 1864 chegaram à Corte do Rio de Janeiro os jovens príncipes europeus Conde d´Eu (1842–1922) e Duque de Saxe (1845–1907), para não somente conhecer o Império do Brasil, como também desposar as filhas de D. Pedro II (1825–1891) e D. Thereza Christina Maria (1822–1889), o casal soberano. Eram elas D. Isabel Christina do Brasil (1846–1921) e D. Leopoldina Thereza do Brasil (1847–1871), as irmãs inseparáveis.

Louis Philippe Marie Ferdinand Gaston d’Orléans et Sachsen-Coburg-und-Gotha e Ludwig August Maria Eudo von Sachsen-Coburg-und-Gotha und Orléans eram primos cruzados — ou seja, equivaliam a irmãos genealogicamente. Assim, o casamento de qualquer um deles com as primas atendia não apenas aos interesses dinásticos e políticos dos pais de todos (Duque de Nemours, Príncipe e Princesa August de Saxe-Coburgo-Gotha e os Imperadores do Brasil), mas também à tradição endogâmica vigente entre famílias reais, nobres, burguesas ou mesmo comuns.

Por ser mais velho, o Conde d´Eu foi logo encarado por D. Pedro II como menos infantil e mais preparado. Em grande medida, foi esse critério etário que norteou o imperador brasileiro na composição dos casais. D. Isabel Christina, já impregnada de algum grau do romantismo do tempo, de fato se apaixonou pelo Príncipe Gaston. Já D. Leopoldina Thereza também ficou encantada com o Príncipe Ludwig August.

As maquinações pré-matrimoniais para a realização dos dois consórcios envolveram inúmeros detalhes, mais bem conhecidos nas biografias desses personagens e, sobretudo, na obra Alegrias e Tristezas: estudos sobre a autobiografia de D. Isabel do Brasil (São Paulo: Linotipo Digital e Instituto D. Isabel I, 2019, 888 páginas), de Fátima Argon e eu. Os casamentos ocorreram em 15 de outubro de 1864 e 15 de dezembro de 1864, na Antiga Sé Catedral de Nossa Senhora do Monte do Carmo, com imensa pompa e festejos populares.

O documento precioso que o Instituto partilha com seus amigos e associados neste “Dia dos Namorados”, em 2025, é o artigo “Namoro e Noivado da Princesa”, publicado pelo pesquisador Guilherme Martinez Auler (1914–1965) no Jornal do Brasil, no domingo, 1º de junho de 1958, dentro do caderno “Estudos Brasileiros / Assuntos Internacionais”.

O envio do artigo reconstituído e com notas explicativas se deu por meio de seu filho, Pedro Auler, que atualmente organiza o acervo de seu pai em Petrópolis.

Brasília, 12 de junho de 2025.

Prof. Bruno da Silva Antunes de Cerqueira
Fundador, pesquisador e presidente do IDII

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