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Livro Alegrias e Tristezas (2019)

Em 2016, completaram-se os 170 anos de nascimento de D. Isabel do Brasil (1846-1921). Somando esforços para homenagear a regente do Império que sancionou a Lei Áurea (Lei n. 3.353/1888), o Museu Imperial, o Instituto Histórico de Petrópolis e o IDII organizaram eventos conjuntos, que podem ser apreciados aqui: https://idisabel.wordpress.com/170-anos/

Na ocasião, o historiador, advogado e indigenista da Funai, Bruno da Silva Antunes de Cerqueira, convidou a historiadora e arquivista Maria de Fátima Moraes Argon — que chefiou o Arquivo Histórico do Museu Imperial por mais de trinta anos — para escreverem um livro que desse conta das mais variadas interpretações sobre a figura isabelina ao longo dos séculos XIX e XX, e que chegam aos nossos dias. A ideia era concatenar as décadas de pesquisa especificamente sobre a mulher que aboliu a escravidão no Brasil em uma obra de referência, a ser utilizada por historiadores, mas também por pessoas não versadas em historiografia. O nome do projeto não podia ser outro senão aquele dado pela própria Dona Isabel a sua biografia: “Alegrias e Tristezas”, texto redigido em 1908, no exílio.

No livro “Alegrias e Tristezas: estudos sobre a autobiografia de D. Isabel do Brasil”, Fátima Argon expõe a escrita de si no percurso biográfico daquela que teria sido D. Isabel I na transição do XIX para o XX, analisando não somente a forma como se via, e ao mundo, mas como via seus pais, marido, filhos, familiares, súditos e muitos amigos; e como era vista por eles. Argon minudencia o aspecto da formação da herdeira e sucessora de D. Pedro II (1825-1891), que chega a escrever em carta para a filha que tudo que empreendeu em matéria de se instruir foi para que a filha tivesse a melhor formação.

Já Bruno Antunes de Cerqueira analisa as implicações teóricas que a história da historiografia da personagem aportam aos estudos sobre a transição do Império para a República e a “Belle Époque” no Brasil. Em diálogo com todos os biógrafos de D. Isabel, se desnudam os menoscabos, mas também os panegíricos que descreveram a regente do Império. A proposta teórica do livro, em ambos os autores, é mostrar que D. Isabel é caricaturizada tanto pelos seus inimigos, como pelos seus cultores.

O livro traz ainda os demais textos autobiográficos de D. Isabel e aquilo que os autores chamaram de “Cronologia isabelina e isabelista”, em que ressaltam momentos-chave da história do Brasil  antes, durante e após a morte da chamada “Abraham Lincoln do Brasil”, como a denomina o professor norte-americano James Longo. Por fim, um apêndice com todos os homens e mulheres que D. Isabel nobilitou, pessoalmente, em suas três regências, ou por vias transversas, recorrendo aos préstimos da Santa Sé e do Reino de Portugal, aponta um dos lapsos mais recorrentes da historiografia brasileira: o de que o Império “caiu de podre”, que a República teria tido uma espécie de “abiogênese” e que não havia apoiamentos para o Terceiro Reinado isabelino. A contrafacutlidade dá lugar à “factualidade submersa”, com décadas de desdém historiográfico pela vida e os engajamentos não somente da princesa-imperatriz, como dos isabelistas e, em especial, das isabelistas.

A regente do Império que sai da pesquisa, encetada pelos dois autores durante, no mínimo, os vinte anos anteriores à publicação, nada tem a ver com a personagem minimizada pela historiografia convencional, assim como se distancia do pálido e eventualmente caricato objeto de culto do abolicionismo monarquista. Segundo Teresa Malatian (Unesp), prefaciadora da obra, e Lucia Paschoal Guimarães (Uerj), o livro responde à maior parte dos questionamentos que se colocam sobre a participação isabelina e dos isabelistas no processo abolicionista no Brasil.

De outro lado, a catolicidade de D. Isabel é esmerilhada até o ponto em que se torne possível a compreensão de uma “rede de sentidos” para uma hipotética canonização dela por parte do Vaticano.

Incluindo fotos absolutamente inéditas, o livro é, sem dúvida, a mais completa pesquisa acadêmica já publicada sobre a vida da regente do Império e imperatriz exilada dos brasileiros. Lançado em 28 de setembro de 2019, no antigo Palacio da Princeza, em Petrópolis, a própria residência isabelina, o livro teve ainda lançamentos presenciais no Rio, em São Paulo, na Câmara dos Deputados em Brasília, na Embaixada do Brasil em Lisboa, em São Luís (MA), Macapá (AP), Rio Branco (AC), Belo Horizonte (MG) e Juiz de Fora (MG). A pandemia de Covid-19 impediu os demais lançamentos no Brasil e, no início de 2021, a tiragem de 1000 exemplares se esgotou.

Acesse, abaixo, o clipping de algumas das matérias que veicularam os lançamentos do livro “Alegrias e Tristezas”, assim como textos de resenha.

 

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