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Traslado dos Restos Mortais de D. Isabel e D. Gastão para o Mausoléu Imperial da Catedral de São Pedro de Alcântara, em Petrópolis

Transcrição da matéria da Revista CULTURA, ano I – nº. 2 (abril a junho de 1971), do MEC. Exemplar gentilmente presenteado ao Acervo do IDII pelo Cons. Luís Severiano Soares Rodrigues.

Traslado dos Restos Mortais de D. Isabel e D. Gastão para o Mausoléu Imperial da Catedral de São Pedro de Alcantara, em Petrópolis
Traslado dos Restos Mortais de D. Isabel e D. Gastão para o Mausoléu Imperial da Catedral de São Pedro de Alcantara, em Petrópolis

A Família Real [sic] estêve presente à última homenagem prestada pelo povo brasileiro a seus famosos ancestrais.
Em solo brasileiro, o repouso final

Em 6 de agosto de 1951, ao ser baixada a Lei nº. 1403, era assumido o compromisso nacional de se inumarem, em terra brasileira, os despojos da Princesa Isabel e do Conde d´Eu, compromisso êsse reafirmado em 1953, quando, com o consentimento expresso da Família Imperial, foram removidos do mausoléu da Família Real de Orleans, na abadia de Dreux, na França, para o Brasil.

E o pensamento natural, ao ser efetivada essa transferência, foi depositar os augustos despojos na Catedral de Petrópolis, que abriga com discreta dignidade, os restos mortais de Dom Pedro II e Dona Teresa Cristina.

No mesmo ano de 1953, a Diretoria de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, devidamente autorizado pelo Senhor Presidente da República, encarregava o escultor Leão Veloso de elaborar anteprojeto dos jacentes da Princesa e de seu Consorte, os quais deveriam ser esculpidos em mármore de Carrara, identicamente ao Mausoléu Imperial, não só para guardar a uniformidade do monumento, mas ainda por se tratar do único material que suportaria ser trabalhado minuciosamente como era necessário.

Foi, então, aprovado pela Comissão constituída pelo Ministro de Estado, para êsse fim, o anteprojeto que apresentava os corpos dos Príncipes em sarcófagos separados, um de cada lado dos mausoléus dos Imperadores.

Razões de ordem técnica e, especialmenrte, o não recebimento de recursos financeiros da União obstaram a execução do empreendimento.

Em fins de 1966, falecia o escultor Leão Veloso. Em 1968, tendo a DPHAN obtido a inclusão, em seu Orçamento, da importância de Cr$ 50.000,00 destinada ao início da construção do mausoléu, confiou ao escultor Humberto Cozzo, que integrava a Comissão Nacional de Belas-Artes, e, por indicação unânime de seus membros, a elaboração de nôvo projeto para o monumento.

Novamente em 1969, contou a DPHAN com a importância de mais Cr$ 57.500,00 em seu Orçamento, que possibilitou a conclusão da obra e a montagem do mausoléu na Catedral de Petrópolis.

Em março de 1970, o então Diretor do PHAN, arquiteto Renato Soeiro, levava o fato ao conhecimento do Senhor Ministro de Estado, ao mesmo tempo em que sugeria a designação de uma comissão especial para planejar a execução e trasladação.

Foi, no entanto, à decisão do Minsitro Jarbas Passarinho de executar a trasladação como compromisso do Govêrno Federal, que se deveu o realce dado às solenidades. Sua Excelência deu imediato apoio à iniciativa, tendo manifestado o desejo de emprestar maior significadfo cívico às cerimônias, honrando, dessa maneira, ao cabo de longos anos, o compromisso assumido. A própria data da cerimônia oficial Sua Excelência condiciounou-a ao comparecimento do Senhor Presidente da República.

Em 20 de maio de 1970, através da Portaria nº. 2,226, o Senhor Ministro de Estado constituía a Comissão Especial incumbida de planejar e executar o programa de trasladação dos despojos da Princesa Isabel e do Conde d´Eu, da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro para a Catedral de Petrópolis. Integrada pelos representantes das três Forças Armadas — Exército, Marinha e Aeronáutica —, do Ministério das Relações Extariores, do Conselho Federal de Cultura, do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro, dos Governadores dos Estados da Guanabara e do Rio de Janeiro, da Municipalidade de Petrópolis, do Instituto Histórico da mesma cidade, a Comissão Especial foi presidida pelo próprio Senhor Ministro de Estado e, no impedimento de Sua Excelência, pelo arquiteto Renato Soeiro, Diretor do Departamento de Assuntos Culturais do MEC.

Agora, os despojos do Conde e da Princesa repousam para sempre na Catedral de Petrópolis, em mausoléu especialmente construído. Muitos anos se passaram antes dêste momento histórico: mesmo em vida, a Princesa já manifestava seu desejo de repousar em solo brasileiro. O compromisso oficial só foi selado em 1951, com a Lei nº. 1403.
Para elaborar o programa das solenidades, na Guanabara e em Petrópolis, a Comissão Especial trabalhou ativamente, tendo-se reunido doze vêzes, em Petrópolis, no Museu Imperial, no Palácio da Princesa e na própria Catedral. Em Petrópolis, foi criada a Comissão Municipal, que manteve perfeito entrosamento com a Comissão Especial e tomou a si a responsabilidade de tôdas as providências para a execução do programa naquela Cidade.

Contou ainda a Comissão Espeial com a colaboração da Assessoria Especial de Relações Públicas da Presidência da República, da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Prêtos, da Chancelaria da Cúria Arquidiocesana, cujos representantes, cada qual em seu setor, prestaram tôda assistência à Comissão Especial.

A presença do Ministério da Educação e Cultura foi constante, através da Coordenação de Relações Públicas, que promoveu a cobertura, pela imprensa escrita e falada, do acontecimento.

O Projeto Minerva, da Rádio MEC, o programa “A Grande Noite”, do Serviço de Radiodifusão Educativa, ocuparam-se da divulgação das solenidades, além da inclusão, em estabelecimentos de ensino, da Semana Dedicada à Princesa Isabel. O Museu Imperial realizou exposição alusiva ao evento.

Em todas as cerimônias de trasladação dos despojos, o Presidente Médici estêve presente, simbolizando a homenagem do Govêrno de hoje ao Império de ontem. A bênção, na Catedral, revestiu-se de intensa emoção.

Na data prevista, 9 de maio, foi feita a trasladação, em cortejo cívico-religioso, dos despojos da Princesa Isabel e do Conde d´Eu, da Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro para a Igreja de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito dos Homens Prêtos, de onde, a 12 de maio, seguiram para Petrópolis, após solene despedida da cidade do Rio de Janeiro.

A presença do povo da cidade foi uma constante, em todo o desenvolvimento das cerimônias.
Depois, quando os restos mortais já se encontravam nos mausoléus,
o mesmo povo acorreu em massa para visitação pública.

Do Palácio da Princesa, finalmente, no dia 13 de maio de 1971, data da assinatura da Lei Áurea, depois de seguir pelas principais ruas de Petrópolis, com grande acompanhamento popular, na presença do Senhor Presidente da República [General Emélio Garrastazu Médici] e do Vice-Presidente, da Família Imperial, dos Ministros de Estado, dos Governadores da Guanabara e do Estado do Rio, do Corpo Diplomático, de Arcebispos e Bispos, de altas autoridades civis e religiosas, dos Comandantes das Regiões Militares da Guanabara e do Estado do Rio, de convidados especiais, em cerimônia tocante por sua dignidade, e com as Honras de Chefe de Estado e Comandante-em-Chefe das Fôrças Armadas, foram depositados no Mausoléu que lhes foi preparado na Catedral de Petrópolis os despojos da Princesa Isabel e do Conde d´Eu.

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