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Fundadores do Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora

13 de Maio de 2001: na sacristia da Igreja do Rosário, a Irmandade dos Homens Pretos, os descendentes de D. Isabel, os clérigos e os irmãos celebram mais um aniversário da Lei Áurea. Nasce o Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora.

O IDII foi idealizado no ano 2000 pelo historiador e advogado Otto de Alencar de Sá Pereira, professor da Universidade Católica de Petrópolis, e seu afilhado de crisma, o então graduando em História na PUC-Rio, Bruno da Silva Antunes de Cerqueira, como entidade cultural sem fins lucrativos, voltada ao resgate da história dos movimentos abolicionistas do séc. XIX e do isabelismo.

A fundação do IDII se deu na tradicional missa anual comemorativa da Lei Áurea, no salão nobre da Igreja do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos, em 13 de maio de 2001.

Prof. Otto de Alencar de Sá Pereira (1932-2017)

Prof. Otto de Alencar de Sá Pereira (1932-2017)
Prof. Otto de Alencar de Sá Pereira (1932-2017)

Otto de Alencar [de] Sá Pereira nasceu aos 16 de novembro de 1932, no Hospital da Beneficência Portuguesa, bairro da Glória, Cidade do Rio de Janeiro. Era o filho único da união do Dr. Augusto Neiva de Sá Pereira (1904-1977), advogado, e da Senhora, nascida Ruth de Alencar Silva (1907-1969); da segunda união de seu pai, tem três irmãos, Nelie de Sá Pereira, Norma de Sá Pereira e Lino de Sá Pereira (†).

Tanto por sua origem paterna quanto materna, Otto descende de algumas das mais ilustres casas senhoriais do Norte e do Nordeste do Brasil. Seu pai era filho de uma Nabuco Neiva e neto dos Oliveira Junqueira, Leal Ferreira e Carneiro de Campos (aristocracia da Bahia), descendendo do Marquês de Caravelas, José Joaquim Carneiro de Campos (1768-1836), um dos grandes estadistas do Primeiro Reinado, que chegou a redigir boa parte da Constituição de 1824 com D. Pedro I (1798-1834).

Dr. Augusto de Sá Pereira pertencia a uma antiga casa da nobreza portuguesa: a varonia é de Sá — da mesma procedência que Mem de Sá (1500-1572) e Estácio de Sá (1520-1567) —, mas a origem Pereira lhes é mais honrosa, por provir dos Condes da Feira, primos de São Nun´Alvares Pereira (1360-1431), Condestável de Portugal, vencedor da Batalha de Aljubarrota contra os castelhanos (1385), o heroico antepassado da Casa de Bragança que foi canonizado em 2009. A avó de Augusto era D. Maria Thereza de Oliveira Junqueira Nabuco (18xx-1937), prima de Joaquim Nabuco.

A mãe de Otto era Alencar e Souza Brazil (Ceará) e neta dos Wilkens de Mattos e Perdigão (Pará). O pai de Ruth, Otto de Alencar Silva (1874-1912) foi um dos maiores matemáticos de sua época, tendo exercido a administração da Iluminação Pública do Rio de Janeiro. Foi ainda exímio pianista e amigo de boêmios como Emilio de Meneses (1866-1918) e Guimarães Passos (1867-1909). Affonso Henriques de Lima Barreto (1881-1922) foi aluno e grandíssimo admirador de Otto de Alencar — que é, inclusive, nome de um logradouro no bairro da Tijuca.

Por ser filha de um casal de primos-irmãos, Ruth era duas vezes prima-sobrinha-neta do grande literato do romantismo brasileiro, José de Alencar (1829-1877), e do Barão de Alencar (1832-1921) e sobrinha-bisneta do Cônego José Martiniano de Alencar (1794-1860), senador do Império pela Província do Ceará. Era também bisneta do Cônego Thomaz Pompeu de Souza Brazil (1818-1877), por linha natural. Thomaz Pompeu era o chefe do Partido Liberal no Ceará e tornou-se senador em 1864.

Otto de Sá Pereira foi aluno do Colégio Padre Antonio Vieira, sob a orientação de D. Thomaz Maria da Camara (1889-1970), professor e codiretor do colégio e seu padrinho de crisma, e dos diretores Baronesa de Saavedra (1904-1959) e Dr. Décio José de Carvalho Werneck (1910-1973). Sua adolescência e juventude foram marcadas pelo engajamento na Congregação Mariana Nossa Senhora das Vitórias, sob a égide do filósofo Pe. Francisco Leme Lopes SJ (1912-1983), de saudosa memória. Desde muito cedo, seu monarquismo transparecia em todas as suas iniciativas.

Seus compromissos marianos formais ele os iniciou quando, em 15.04.1951, se tornou irmão da Imperial Irmandade de Nossa Senhora da Glória do Outeiro.

Recebeu formação militar através do antigo Centro de Instrução para Oficiais de Reserva da Marinha (CIORM), de onde saiu como segundo-tenente em 1954. Seguindo tradições familiares, bacharelou-se em Direito em 1958, pela Faculdade de Direito da Universidade do Rio de Janeiro — em sua família sobressaía-se a figura de seu tio, Dr. Lino de Sá Pereira (1902-1981), procurador-geral do Estado da Guanabara.

Na década de 1960, Otto pôde realizar um de seus grandes desejos, ao cursar História na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, onde licenciou-se em 1968. Foi a mesma época em que militou entre os propagandistas da revista “Catolicismo, grupo que deu origem à Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade (SBDTFP). Desligou-se gradualmente da TFP entre 1969 e 1971.

Lecionou História Moderna na Universidade Gama Filho (1969-1971). Em 1970, dois fatos lhe marcam sobremaneira a vida ativa: a admissão na Universidade Católica de Petrópolis (UCP), e a entrada para a Assessoria do Chefe da Casa Imperial do Brasil, S.A.I.R. o Príncipe Senhor D. Pedro Henrique (1909-1981), neto e sucessor da Redentora.

Na UCP, passou a lecionar Estudos de Problemas Brasileiros, História do Brasil, Antiga e Medieval. Mais tarde, foi responsável pelas disciplinas de Fundamentos de Ciências Sociais e Realidade Social Brasileira. Lecionou, ainda, História do Direito. Foi também professor titular de História Antiga e Medieval na Sociedade Universitária Augusto Motta (SUAM), de 1972 a 1997.

Em 19 de fevereiro de 1983, Prof. Otto representou o Príncipe Michel de Ligne como padrinho de D. Pedro Luiz de Orleans e Bragança e Ligne (1983-2009), na cerimônia de batizado do bebê — que simbolizava a continuidade da dinastia imperial brasileira —, na igreja da Glória do Outeiro.

Participou da fundação de um partido monarquista em 1987, quando a cláusula pétrea impeditiva dos movimentos pró-monarquia, constante em todas as constituições brasileiras desde a de 1891, estava prestes a ser derrubada na Assembleia Nacional Constituinte. Foi o vice-presidente do partido, o qual, sob orientação da Casa Imperial, se desfez.

Fundou, em 1988, centenário da Lei Áurea, o Círculo Monárquico do Rio de Janeiro — cujo nome completo homenageia o filho segundo e herdeiro de D. Isabel, D. Luiz (1878-1920), cognominado “O Príncipe Perfeito” —, tendo sido sucessivamente reeleito seu presidente. Trabalhou com afinco pela propaganda da causa monarquista em todo o período anterior e durante o Plebiscito de 1993, por meio do qual os brasileiros optariam, de acordo com as disposições constitucionais transitórias (CR, ADCT, art. 2º), entre a forma republicana e a forma monárquica de governo e o sistema parlamentarista ou presidencialista. A Monarquia Parlamentarista obteve cerca de 13% dos votos válidos na eleição.

Em dezembro de 2001, Prof. Otto renunciou à presidência do Círculo Monárquico do Rio de Janeiro, mantendo-se como associado.

Em 1999, se tornou sócio do Instituto Histórico de Petrópolis e, em 2002, foi homenageado com o título de sócio honorário do Instituto Histórico e Geográfico de Niterói.

Publicou dezenas de artigos em jornais e revistas de todo país, sempre versando sobre temas monárquicos de relevância histórica. De sua vasta correspondência se destacam as cartas que trocou com o escritor Pedro Nava (1903-1984), seu primo pelo costado materno, e com o poeta gaúcho Mario Quintana (1906-1994).

Em 2000, idealizou com Bruno da Silva Antunes de Cerqueira, então graduando em História na PUC-Rio e seu afilhado de crisma, o Instituto Cultural D. Isabel I a Redentora. Diversos pesquisadores e profissionais da História, do Direito e das Ciências Sociais se somaram na iniciativa, fundando o IDII em 13.05.2001, na Igreja do Rosário e São Benedito dos Homens Pretos.

Prof. Otto foi o presidente do IDII da fundação até abril de 2005; desde então, passou a ser o conselheiro-decano do Instituto.

Publicou, em 16 de novembro de 2007, ao completar 75 anos, seu livro “Diálogos Monárquicos” — conversas de um avô católico e monarquista com seu neto adolescente.

Em 27 de junho de 2012, recebeu da Câmara Municipal do Rio de Janeiro sua mais alta honorificência, a Medalha Pedro Ernesto, por iniciativa da Vereadora Sonia Rabello de Castro.

Por fim, em 8 de dezembro de 2016 (festa da Imaculada Conceição), Prof. Otto foi empossado como membro honorário da Academia Brasileira de Defesa.

Vitimado pelo câncer, recebeu visita de inúmeros sacerdotes em 2017, que lhe ministraram os santos sacramentos e o reconfortaram.

Isabelista e neoabolicionista, Prof. Otto faleceu em 04.07.2017, em uma casa de saúde de Laranjeiras, exatamente em frente ao antigo Paço Isabel, hoje chamado de Palácio Guanabara, no dia da festa de Santa Isabel de Portugal (1271-1336) — nascida infanta de Aragão —, a antepassada por quem D. Isabel nutria enorme afeição e devoção.

Prof. Otto deixou a irmã Nelie e a irmã e afilhada Norma, o amigo Norberto Medeiros, além de sobrinhos e quase uma vintena de afilhados.

Bruno da Silva Antunes de Cerqueira

Bruno Antunes de Cerqueira
Prof. Bruno da Silva Antunes de Cerqueira

 

 

 

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